ATA DA CENTÉSIMA QUARTA SESSÃO ORDINÁRIA DA SEXTA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA NONA LEGISLATURA, EM 16.09.1988.
Aos
dezesseis dias do mês de setembro do ano de mil novecentos e oitenta e oito
reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de
Porto Alegre, em sua Centésima Quarta Sessão Ordinária da Sexta Sessão
Legislativa Ordinária da Nona Legislatura. Às nove horas e quarenta e cinco
minutos foi realizada a segunda chamada, sendo respondida pelos Vereadores Adão
Eliseu, Aranha Filho, Bernadete Vidal, Brochado da Rocha, Caio Lustosa, Elói
Guimarães, Ennio Terra, Flávio Coulon, Frederico Barbosa, Gladis Mantelli,
Hermes Dutra, Ignácio Neis, Jaques Machado, Jorge Goularte, Jussara Cony, Lauro
Hagemann, Luiz Braz, Mano José, Nereu D’Ávila, Nilton Comin, Rafael Santos,
Teresinha Irigaray, Valdir Fraga, Werner Becker, Wilton Araújo e Marcinho
Medeiros. Constatada a existência de “quorum”, o Sr. Presidente declarou
abertos os trabalhos e solicitou ao Ver. Hermes Dutra que procedesse à leitura
de trecho da Bíblia. A seguir, o Sr. Secretário procedeu à leitura da Ata da
Centésima Segunda Sessão Ordinária e da Ata Declaratória da Centésima Terceira
Sessão Ordinária, que deixaram de ser votadas em face da inexistência de
“quorum”. À MESA foram encaminhados: pelo Ver. Antonio Hohlfeldt, 01 Pedido de
Providências, solicitando substituição dos atuais pequenos canos de esgoto
pluvial na Rua Doze de Outubro, em frente ao prédio 614 e adjacências, por
outros de maiores dimensões, capazes de dar conta da vazão de água; pelo Ver.
Brochado da Rocha, 03 Pedidos de Providências, solicitando implantação de um
quebra-molas na Av. João Salomoni, em frente ao Condomínio João Salomoni;
reposição de areia nas praças do Condomínio João Salomoni na Av. João Salomoni;
concessão de um espaço para “Carga e Descarga” em frente ao estabelecimento da
Casa do Pão de Queijo Ltda., situada na Av. Cristóvão Colombo, 2091; pelo Ver.
Frederico Barbosa, 01 Projeto de Lei do Legislativo nº 154/88 (proc. nº
2003/88), que denomina Rua Padre Paulo Englert um logradouro público; pelo Ver.
Hermes Dutra, 03 Pedidos de Providências, solicitando substituição de lâmpadas
queimadas, a mercúrio, na Rua São Manuel, em frente ao nº 2215, e na Rua Luís
de Camões, ao lado oposto ao nº 716; instalação de ponto de luz, a mercúrio, na
Rua Gen. Câmara, entre Andradas e Andrade Neves, preferentemente, frente ao nº
326; ampliação do ponto de táxi, existente na Rua Lajeado para a Rua Nilópolis,
esquina da Rua Carazinho; 01 Pedido de Informações, complementarmente ao Pedido
de Informações nº 135/88, para encaminhamento de cópia da Inspeção efetuada
pelo Tribunal de Contas do Estado, relativamente à matéria daquele Pedido; pelo
Ver. Ignácio Neis, 01 Pedido de Providências, solicitando substituição de
lâmpada na Rua Dr. Mário Totta, nº 2726; pelo Ver. Jaques Machado, 01 Projeto
de Lei do Legislativo nº 152/88 (proc. nº 1973/88), que denomina Rua Humberto
Albino Bianchi um logradouro público; pelo Ver. Lauro Hagemann, 01 Pedido de
Providências, solicitando conserto do calçamento ou, preferencialmente, a
pavimentação asfáltica da Rua Fátima, em toda a sua extensão, por onde
transitam os ônibus da Linha 36, Jardim Ipê; pelo Ver. Luiz Braz, 01 Projeto de
Lei do Legislativo nº 155/88 (proc. nº 2011/88), que declara de utilidade
pública a Instituição Espiritualista, Educacional, Cultural e Filantrópica
Legião da Boa Vontade. Do EXPEDIENTE constaram: Ofícios nºs 542; 543; 544; 545;
546; 547; 548; 540/88, do Sr. Prefeito Municipal; 204/164-88, da Federação da Agricultura
do Estado do Rio Grande do Sul. A seguir, foi deferido pelo Sr. Presidente
Licença para Tratamento de Saúde do Ver. Artur Zanella, no dia de hoje. Após,
constatada a existência de “quorum”, foi iniciada a ORDEM DO DIA. Em Votação
Nominal foi rejeitado o Projeto de Lei do Legislativo nº 26/88 e acolhido o
Veto Total a ele aposto, por treze votos SIM contra oito votos NÃO, após ter
sido encaminhado à votação pelos Vereadores Hermes Dutra, Flávio Coulon, Werner
Becker, Caio Lustosa, Jorge Goularte, Jussara Cony e Raul Casa. Em PAUTA,
Discussão Preliminar, estiveram: em 1ª Sessão, o Projeto de Lei Complementar do
Legislativo nº 14/88; os Projetos de Lei do Legislativo nºs 147; 150/88; em 2ª
Sessão, o Substitutivo do Ver. Ennio Terra ao Projeto de Lei do Legislativo nº
118/88;o Substitutivo do Ver. Antonio Hohlfeldt ao Projeto de Lei do Executivo
nº 79/88; o Projeto de Lei do Executivo nº 84/88; os Projetos de Lei do
Legislativo nºs 119; 142; 144; 47; 143; 145/88; o Projeto de Lei Complementar
do Legislativo nº 13/88; o Projeto de Lei do Executivo nº 86/88; o Projeto de
Resolução nº 46/88. Em EXPLICAÇÕES PESSOAIS, o Ver. Hermes Dutra discorreu
acerca do Plano de Carreira do DMAE, encaminhado à Casa pelo Executivo
Municipal, destacando que esse Plano deverá ser aprovado pela Casa, mas que
será devidamente analisado para que sejam evitados erros futuros que poderiam
prejudicar os próprios funcionários do DMAE. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Ver.
Jorge Goularte teceu comentários sobre notícias divulgadas pela imprensa,
acerca da possibilidade de obrigatoriedade do uso de cinto de segurança nos
carros, defendendo o uso opcional desse cinto e questionando os reais motivos
que estão ocasionando essa discussão. Ainda em EXPLICAÇÕES PESSOAIS, o Ver.
Flávio Coulon reportou-se ao pronunciamento, de hoje, do Ver. Hermes Dutra,
acerca do Plano de Carreira do DMAE, ratificando as palavras de S. Sa. Analisou
a filosofia educacional seguida pelo PMDB, dizendo que a mesma visa estimular
os jovens a construírem uma sociedade de homens livres da tutela estadual.
Criticou a política seguida pelo PDT para a área educacional. Ainda em
COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Ver. Flávio Coulon falou de reunião mantida
quarta-feira à noite, pelo PDT, onde, segundo publicação da imprensa, o candidato
Carlos Araújo teria declarado que só renunciaria se fosse morto por um jagunço
do PMDB. Esclareceu que seu partido não é adepto desse tipo de política e não
possui qualquer interesse no fim da candidatura do Dep. Carlos Araújo. Ainda em
EXPLICAÇÕES PESSOAIS, o Ver. Marcinho Medeiros protestou contra a atual
legislação eleitoral, destacando que a mesma prejudica a propaganda eleitoral
dos candidatos com poucos recursos, privilegiando aqueles que possuem grandes
recursos para a feitura de placas e outros tipos de propaganda mais
sofisticados. Durante os trabalhos, o Sr. Presidente comunicou não ter tomado
qualquer decisão no sentido de que as votações de processos sejam realizadas
somente nas quarta-feiras e respondeu Questão de Ordem do Ver. Werner Becker, acerca
do Projeto de Lei do Executivo, em tramitação na Casa, que estabelece o Plano
de Carreira do DMAE. Nada mais havendo a tratar, o Sr. Presidente levantou os
trabalhos às onze horas e trinta e seis minutos, convocando os Senhores
Vereadores para a Sessão Ordinária da próxima terça-feira, à hora regimental.
Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Brochado da Rocha e Luiz Braz e
secretariados pelos Vereadores Mano José e Lauro Hagemann. Do que eu, Mano
José, 2º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após
distribuída em avulsos e aprovada, será assinada pelos Senhores Presidente e 1ª
Secretária.
O SR. PRESIDENTE
(Brochado da Rocha): Havendo “quorum”, declaro abertos os trabalhos
da presente Sessão.
O SR. WERNER BECKER
(Questão de Ordem): Sr. Presidente, foi lido agora o Projeto de Lei
do Executivo que estabelece o Plano de Carreira do DMAE. Face à toda
complexidade deste período pré-eleitoral pediria que a Mesa diligenciasse junto
à Auditoria da Casa requerendo seu bom ofício para que o Parecer fosse
prolatado com urgência, a fim de que se pudesse examinar com a máxima urgência
possível, pois essa matéria diz respeito a mais de dois mil funcionários do
DMAE.
O SR. PRESIDENTE: A
Mesa informa que o Processo já se encontra em trânsito em direção à Auditoria
da Casa.
Havendo “quorum”, passamos, de imediato, à
ORDEM DO DIA
VOTAÇÃO NOMINAL
PROC. 604/88 – VETO TOTAL ao PROJETO DE LEI
DO LEGISLATIVO Nº 26/88, do Ver. Hermes Dutra, que proíbe a
indicação, pelo Executivo Municipal, de nomes de pessoas vivas em veículos de
divulgação que utilize e dá outras providências.
Pareceres:
- da CJR. Relator Ver. Flávio Coulon: pela
rejeição do Veto Total.
- da CUTHAB. Sem parecer.
O SR. PRESIDENTE:
Em votação o Veto Total ao PLL nº 26/88. Para encaminhar, o Ver. Hermes Dutra.
O SR. HERMES DUTRA:
Sr. Presidente, Srs. Vereadores. Alguém poderia dizer que foi praga minha, mas
não foi, por dois motivos. Primeiro, não tenho hábito de rogar pragas para as
pessoas e, em segundo, não se aplicaria para o Sr. Prefeito Municipal que tem
lá seus erros, mas não lhe rogaria praga nenhuma. Pois S. Exa. vetou um projeto
de minha autoria de proíbe a colocação de nomes de pessoas vivas neste festival
de publicidade que o Município patrocina. Ele vetou, pois a Constituinte
proibiu. E já quero comunicar, Sr. Presidente, o primeiro mandado de injunção
em Porto Alegre será o meu. No dia da promulgação da Constituição estarei
ingressando com um mandado de injunção, solicitando que o Juiz determine a
retirada de toda a propaganda que tenha o nome do Sr. Prefeito; dos seus
Secretários, dos seus amigos, nesse festival de placas aqui, que por não perder
discutir o Projeto, porque a discussão já foi encerrada, não vou trazer dados
que fiz, dados que tenho através da resposta a um pedido de informações. Se eu
mostrasse a V. Exas. o número de placas que existe nesta Cidade – pedido de
informação respondido pelo Sr. Prefeito Municipal e assinado – o número de
placas feitas e usadas nesta Cidade é estarrecedor. A propósito, tinha até
perguntado se houve concorrência pública. A resposta V. Exas. poderão ver no
ofício que consta lá no meu gabinete. Sobre este problema de nomes de pessoas,
alguém me lembrou: “Olha, o Governo de vocês usava.” É verdade, confesso a
V.Exas. que o telefone nº 156 foi implantado por mim e não teve uma propaganda
com o meu nome. No entretanto, hoje, se V. Exas. ligarem o rádio ou a
televisão, vão ver ali: 156, o telefone para o povo na Administração Alceu
Collares. Foi implantado por mim aquele telefone, pelo Prefeito João Dib. Eu
era Secretário do Governo na época. Não fiz a menor propaganda porque acho
despiciendo. Pois hoje, 3 anos depois da instalação do 156, se vê propaganda no
rádio e na televisão com a Administração Alceu Collares, “O Povo no Governo”.
Então, para impedir essas coisas é que se fez o Projeto, e não se proibia, no
Projeto de Lei, que o Município prestasse contas à população, até porque dentro
de certos critérios é uma responsabilidade do Executivo fazer isso. Por que
dentro de certos critérios? Porque nós não podemos também ver alguns vivendo à
tripa forra com os dinheiros municipais. Lembram que na semana passada nós
votamos a favor – com o meu voto; votei a favor, não tinha outra alternativa –
só no Gabinete do Prefeito, 26 milhões de cruzados de suplementação de verba
para publicidade.
Então, tem que haver certos limites nessas questões. A
História nos dá dois exemplos de culto à personalidade: um, foi Hitler e outro,
foi Getúlio Vargas. Acho que não tem nada a ver o Getúlio Vargas com o PDT, mas
são dois exemplos de culto à personalidade. Getúlio Vargas com o seu famoso
DIP, e Hitler com o seu cérebro Goebbels, que fazia toda a propaganda do regime
nazi-fascista. Exemplos esses que, segundo diz a História, e os que viveram a
época getuliana estão aí, testemunhando ao vivo, não foram dos melhores, porque
enquanto se colocava a figura do ditador, até hoje venerado, no rádio, nos
cinemas, alguns sofriam nos cárceres. Até passou um filme há dois anos que,
depois morreu, não sei se porque a intelectualidade brasileira não gosta de
rever certas coisas, onde mostrava que alguns viviam no cárcere o outro lado
daquela propaganda que se fazia.
Então, o culto à personalidade não tem trazido bons
exemplos e, usando palavras de outros, dizem que também os governos militares
faziam o culto à personalidade que não trouxeram bons exemplos. Então, têm
argumentos para todo mundo e para todos os gostos. Então, realmente, era um
Projeto que visava única e exclusivamente terminar com esse culto à personalidade,
não com o anúncio de obras do Governo Municipal, que de repente, se o DMAE –
para aproveitar que os servidores do DMAE estão aqui - , está fazendo uma obra,
e até é bom que se saiba que aquele buraco está sendo feito pelo DMAE, para uma
eventual reclamação, possa ser feito: olha, estava lá o DMAE fazendo aquele
buraco: fez bem–feito, fez malfeito. Eu me dei o trabalho, Sr. Presidente, de
pedir o número de placas antes da troca dos Secretários, e depois me dei o
trabalho, de novo, de sair para ver. Tiveram que pintar tudo e trocar os nomes.
Às custas de quem? Às custas do contribuinte municipal de Porto Alegre. S. Exa.
vetou, o veto vai passar, infelizmente. Agora, como diz o outro: Deus não joga,
mas fiscaliza. A Constituinte, “pimba”. No dia seguinte, então, à promulgação
da Constituinte, que ela passar a viger – é, Ver. Aranha Filho, o verbo
conjuga-se viger, não “vigir”, como erroneamente alguns dizem -, estarei com o
advogado, que já está preparando, entrando com um mandado de injunção,
solicitando a retirada dos nomes. Não sei, mas acho que do Ver. Wilton Araújo e
do Ver. Nereu D’Ávila não vão tirar, porque já tiraram o nome de V. Exa. para
colocar dos novos titulares. Não tiraram? Então, é propaganda ilegal, pois
estamos em época eleitoral. Mas, de qualquer forma, se não tiraram o nome de V.
Exa., vão ter de tirar, em obediência ao que dispõe a nova Constituição e,
aliás, tomei o cuidado de telefonar para Brasília, para um amigo meu, para
saber se este dispositivo contou com o voto favorável do PDT. Disse-me ele que
o PDT votou favoravelmente. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE:
Com a palavra o Ver. Flávio Coulon.
O SR. FLÁVIO COULON:
Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Ver. Hermes Dutra, conforme V. Exa. está
observando, este Veto não será feito, por razões óbvias, até porque aquela
famosa Bancada que normalmente não está presente, hoje continua ausente,
brilhantemente representada por 5 dos seus 14 Vereadores. Então, não vai haver
“quorum” para derrubarmos este Veto do Governo.
Mas eu tranqüilizo V. Exa., Ver. Hermes Dutra. Já
disse desta tribuna: no Governo Antônio Brito, nós não colocaremos nome da
placa de ninguém, independentemente da Constituição, nós, a partir do ano que
vem, não vamos fazer esse festival de placas com o nome de todos. Vamos apagar
também o nome, na Carris, do Dr. Nelson Castan e o nome do Dr. Alceu Collares.
De repente, daqui 20 anos, continua circulando. Essa seria a explicação, a
idéia deles de se perpetuarem através da propaganda nos ônibus da Carris. Vamos
pôr “Cia. Carris Portoalegrense”. Vamos apagar. Só. Não vamos colocar nem de
Prefeito, do Secretário dos Transportes, nome de Presidente da Carris, mesmo
porque, no Governo deles, as coisas mudaram tanto que até as placas ficam
obsoletas durante o Governo. Em apenas três anos foram tantas as mudanças,
foram tantas as pinturas de placas, até porque, e até agora não sabemos quem é
o candidato a Prefeito. Segundo o “Jornal do Brasil”, ontem, até o dia 10 de
outubro o atual periga não ser mais. Então, nós encaminhamos
O Sr. Nereu D’Ávila:
Não. Foi “Jornal do Brasil”, foi o “Globo”.
O SR. FLÁVIO COULON:
Que seja o “Globo”, então, é que no Rio eles sabem mais do que aqui. Aqui, o
pessoal vem à reunião, debate, debate, não sabe nada. O pessoal no Rio sabe
mais. Aqui foi debatido que Carlos Araújo continua sendo o candidato. No Rio,
“O Globo” já publicou que depois de 10 de outubro, pode mudar tudo.
Encaminhamos, então, Sr. Ver. Hermes Dutra, Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, contra o Veto Total do Sr. Prefeito, até porque,
em termos de moralização da administração pública, é um escândalo esse culto ao
personalismo das pessoas. Aliás, personalismo esse que está levando as finanças
da Prefeitura à estaca zero. Fiquem tranqüilos, votarei a me pronunciar no processo
do DMAE, que correrá Pauta, mas, receberemos a Prefeitura de Porto Alegre na
base em que recebemos o Governo do Estado: a zero em matéria de finanças,
porque, atualmente, queima-se todo o dinheiro no Gasômetro, no Estádio
Municipal e no término de alguns CIEMs. Tanto é verdade isso que a própria
Secretária da Fazenda já achou um jeito de se mandar do Governo Alceu Collares.
Era esta a colocação, Sr. Presidente: a Bancada do
PMDB votará contra o Veto do Prefeito em nome da boa administração da coisa pública,
que não deve cultuar personalismo e, sim, valores. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE:
Pela ordem, pela Bancada do PDT, Ver. Werner Becker.
O SR. WERNER BECKER:
Sr. Presidente e Srs. Vereadores, Srs. funcionários da Casa, Senhores
presentes. O PMDB continua fazendo promessas, me lembro que o Sr. Antônio
Britto, o Pinochio da Nova República, teve a ousadia de durante quarenta dias
prometer que o Presidente Tancredo Neves iria presidir este País e se
recuperar. Lembrem, senhores: “Temos boas notícias”. E o Sr. Tancredo Neves
agonizava. Depois com a maior cara-de-pau, troféu “Óleo de Peroba”, anunciou no
seu jornal, no seu livro, que era obrigado a mentir. Depois foi para a
televisão e tinha boas notícias: o Plano Cruzado. Esta é a pinta que pinta por
aí.
E agora vem o líder deposto do PMDB dizer que faz uma
promessa, que o Sr. Antônio Britto não vai fazer isto, vai fazer aquilo.
Mas será que o povo não tem memória? Será que o PMDB
ainda tem crédito?
Sr. Presidente, Srs. Vereadores, quem vê televisão, um
pouquinho antes da novela, tem uma matéria paga de televisão, do Governo Pedro
Simon, todos os dias. Sabem quanto é que sai isto por dia, por minuto? Dezoito
milhões de cruzados. Com o maior peito e cara-de-pau se quer restringir a
publicidade dos atos governamentais só para Porto Alegre. Sr. Presidente,
Vereadores, enquanto isso nós vemos um festival escandaloso da Caixa Econômica
Estadual, fazendo propaganda até em Santa Catarina. Quando foram presos, pegos
em flagrantes, dirigentes da Caixa Econômica Estadual, de cargos em autarquias,
como meliantes qualquer. Sabem o que eles faziam? Assaltaram um carro de um
assaltante e foram gozar a praia em Santa Catarina, em nome da Caixa. Talvez,
sob a égide de que ladrão que rouba ladrão tem cem anos de perdão. Meteram a
mão no carro do assaltante e foram veranear em Santa Catarina! E sabem como
terminou essa história? Rebaixaram de posto, o funcionário não, o assaltante
não, mas o carro! Eu não estou mentindo, está nos jornais. Proibiram o carro de
fazer campanha.
Ora, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, até entendo as
razões do Projeto do Ver. Hermes Dutra, mas porque essa pressa, porque esse
açodamento? Logo em cima do Governo Alceu Collares, o Ver. Hermes Dutra, que
festejou todos os governos militares, como o do Sr. Costa e Silva que dizia
assim: “o Brasil está à beira do abismo”! Vocês lembram?
O SR. HERMES DUTRA:
Eu era guri.
O SR. WERNER BECKER:
Já vi propaganda de V. Exa., continua de calças curtas. Assim não dá. Daqui a
pouco V. Exa. vai dizer: “Guri vota em guri; eleitor de 16 anos vota em Hermes
Dutra.” Assim não dá, Excelência, vamos ter um pouco de seriedade.
Sr. Presidente, Srs. Vereadores, parece que o Ver.
Hermes Dutra não acredita na Nova Constituição, pois se a Constituição vai
proibir em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul e no Brasil, por que ele se
preocupa em proibir só agora? Por que ele nunca protestou contra o General
Costa e Silva que dizia em seus cartazes que o Brasil estava à beira do abismo?
Por que não reclamava, quando o Governo Médici dizia: “O Brasil deu um passo à
frente”? Por que não reclamou depois, quando João Figueiredo dizia: “Ninguém
segura mais este País!”? Caiu no abismo! Sr. Presidente e Srs. Vereadores,
antes quero informar que, por diligência à Mesa, aos funcionários do DMAE, o
Projeto já foi encaminhado à Auditoria e certamente segunda-feira já tem
parecer. Sei que é isto que os senhores querem ouvir aqui e dou esta
informação. Quero concluir, pedindo que se derrube esta tentativa hipócrita e
falsa dos partidos que sempre viveram abraçados com o dinheiro, nas manchetes,
por uma questão de seriedade, aceitando o Veto do Sr. Prefeito. É apenas esta a
explicação que queria dar aos senhores aqui presentes. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE:
Com a palavra o Ver. Caio Lustosa.
O SR. CAIO LUSTOSA:
Sr. Presidente e Srs. Vereadores, funcionários municipais aqui presentes. A
posição do meu Partido, evidentemente, é pela rejeição do Veto. Nós, de uma
maneira casuística, visando a proibir a divulgação das obras e dos feitos da
Administração Collares, porque entendemos que essa prática publicitária atinge
a todos os níveis da Administração Brasileira e tem servido indiscutivelmente
para que os recursos públicos sejam aplicados nesta ciranda de “marketing” e
“merchandise”, em que os órgãos de divulgação faturam milhões. Uma coisa é
divulgar as obras feitas, que é até um princípio de direito administrativo de
dar publicidade às coisas do Poder Público, outra é fazer toda esta maquilagem
publicitária com rios e rios de dinheiro que são desviados das obras que
realmente o povo está a reclamar e para as quais o Poder Público, e Porto
Alegre não é diferente, está sempre alegando a carência de recursos.
Esta Casa já fez inúmeros Requerimentos tentando saber
o quanto a Administração Collares aplicou em publicidade. É uma caixa preta,
não se sabe, não se divulga e o povo não sabe o que é o volume empregado em
publicidade. E isso precisa acabar, dentro de propostas de Partidos que querem
mudar a face da Administração, porque o que vemos é que tanto os governos
conservadores tipo PDS, PFL, como o populismo demagógico, uma vez chegado à
Administração, exercem a mesma prática.
O Governo do Estado, também, hoje, que se elegeu com
propostas de mudanças e transformações, faz a mesma coisa. Mas eu tenho a
capacidade de refugar os meus companheiros e espero, Ver. Adão Eliseu, que V.
Exa. faça o mesmo e, bem logo, venha para a Frente Popular, porque o PDT,
realmente, não vai emplacar numa segunda Administração. Contamos com a sua
presença junto com o Ver. Wilton Araújo e outros poucos da Bancada do PDT, têm
que estar juntos com a Frente Popular, apoiando Olívio Dutra e Tarso Genro para
fazer uma mudança nas práticas administrativas desta Cidade.
Então, Sr. Presidente, o nosso voto é pela rejeição do
Veto, sabendo que, infelizmente, pela ausência da maioria maciça da Bancada do
PDT, isto não será possível.
Finalizando, queremos dar uma satisfação aos
funcionários do DMAE, queremos, de logo, abrir a nossa posição, no sentido de
procurar, com a máxima brevidade, mas também com o máximo de exame, resolver
esses problemas de reenquadramento e de reajuste salarial que eles vêm
reivindicar, hoje, aqui. É preciso, também, ver o quanto a atual administração
do DMAE gastou nos “out-doors” em profusão que espalhou sobre a conta consumo.
Espero que o Dr. Petersen nos traga esses dados: quanto saiu essas centenas de
“out-doors” e as não menos dezenas de páginas de publicidade nos órgãos de
divulgação, tentando se reabilitar perante o povo, depois daquele desastre em
que o DMAE induziu a Câmara, relativamente ao aumento escorchante das contas de
água e de esgoto.
Queremos, também, saber como é que estão as contas do
DMAE. O reajuste aos funcionários é da máxima justiça e vai ser concedido nos
níveis mais justos que nós pudermos-lhes dar. Mas é hora, também, de conferir o
quanto o DMAE arrecadou naquelas cobranças absurdas em relação às contas de
água e de esgoto e quanto, efetivamente, gastou e no que gastou. Isto é o importante
e se realmente os insumos é que estão levando o DMAE ao risco de vermelho,
conforme se proclamou um dia destes aqui. E vou concluir, Sr. Presidente,
dizendo que esta é a nossa posição.
Vamos votar pela rejeição do Veto e já dizendo aos
companheiros do DMAE que procuraremos fazer o máximo empenho para dar um
reajuste condigno, mas investigando a fundo a receita e a despesa da autarquia
de água e esgotos de Porto Alegre. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE:
Com a palavra o Ver. Jorge Goularte.
O SR. JORGE GOULARTE:
Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu ia fazer um elogio ao Ver. Werner Becker,
mas parece que ele não está em Plenário. O Vereador Werner Becker, pela sua
palavra, mostra ser um brizolista... Mas é uma coisa incrível! Como está
brizolista este menino! Desde guri. Pelo jeito, já nasceu brizolista! Quando
ele ia atacar aqui, eu pensei: vai atacar o PDT, como ele sempre fazia. Mas é o
mesmo Vereador Werner Becker, é o mesmo. Eu fico olhando e acho que é uma
capacidade incrível! Eu quero dar os meus cumprimentos a uma inteligência e uma
interpretação, que, sinceramente, Hollywood tem que se curvar diante delas!
Mas, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, Ver. Hermes
Dutra, V. Exa. também entra com um Projeto de grande relevância. E o Prefeito
Municipal, infelizmente, tem se dado mal com estes Vetos.
Um meu, que criava os Centros Integrados de Saúde
Pública e Polícia, que o Governo Federal, agora, vai aplicar em todo o País. Um
do Frederico, sobre o ensino contra a violência no trânsito para as crianças,
que o Governo Federal também vai aplicar. E o de V. Exa., que proíbe este
festival de placas comemorativas de futuras obras e inclusive de obras feitas.
Tem algumas obras que chega a doer! Eu vejo no jornal: “A SMIC está criando, agora,
incentivo ao produtor, venda direta ao consumidor”. E eu digo: “Mas será que
terminaram com aquela que já tinha quando eu cheguei e que eu incentivei e
estão começando tudo de novo?” Não se inventa realmente nada impunemente. E
esta é uma invenção que não vai dar os resultados.
Agora, o que eu estranho é o seguinte: os gastos com
esta propaganda toda e os CIEM estão fazendo com que o Governo ensaie um
aumento aos funcionários, que de aumento não tem nada, pois fala em 35%, no
máximo, quando se sabe que nós temos uma inflação galopante de mais de 25%,
manipulada pelo Governo Federal, porque vai mais de 30%, exatamente por
gastarem muito nos CIEMs e nas propagandas, pois está faltando erário para os
funcionários, porque não se pode tirar de onde não tem, quando se gasta de
maneira errada. Então, parece que o Governo Municipal já está criando futuros
integrantes dos CIEMs no meio dos funcionários, que não vão ter como manter
seus filhos em colégios particulares, aí vão ter que colocá-los nos CIEMs da
Vila Restinga, Vila Mapa, etc., porque da maneira como está sendo programado o
aumento, já é uma preparação das crianças, do número de alunos, da clientela
dos CIEMs, como conseqüência do achatamento salarial dos funcionários
municipais.
Agora, quanto ao DMAE, gostaria de dizer ao Ver. Caio
Lustosa, ilustre Vereador desta Casa, brilhante Vereador, a pedido do meu amigo
Nilton Comin, e que eu concordo, é que os funcionários não têm nada a ver com
as decisões de cúpula, e que nós estamos aqui para apoiá-los na integridade de
suas aspirações, que já ganham muito pouco em relação ao muito que fazem pela
cidade de Porto Alegre. (Palmas.) Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE:
Inscreve-se pelo PC do B, Vera. Jussara Cony.
A SRA. JUSSARA CONY:
Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Srs. funcionários do DMAE que honram esta Casa
com sua presença com a justa reivindicação para a aprovação de seu Plano de
Carreira, com o Veto ao Projeto de Lei do Legislativo nº 26/88, do Ver. Hermes
Dutra, que proíbe a indicação, pelo Executivo Municipal, de nomes de pessoas
vivas em veículos de divulgação que utilize e dá outras providências, nos
mostra bem, como outros vetos que têm ocorrido em matérias do interesse da
Cidade e dos funcionários do nosso Município, como ocorreu na quarta-feira
passada com a retirada de “quorum” pela Bancada do PDT a um Veto Parcial a
Emendas dadas nesta Casa ao Projeto do Plano de Carreira dos Professores
Municipais, nos mostra bem, Ver. Hermes Dutra que ainda impera no nosso País
uma herança terrível do regime militar que retirou prerrogativas dos
Legislativos brasileiros, que concentrou poder nos Executivos e um veto como
este num projeto de interesse, sim, do Município, um projeto moralizante sob um
ponto de vista da coisa pública, onde é aplicado o dinheiro do contribuinte de
uma cidade, nos mostra bem a herança que ainda temos na supremacia do Executivo
sobre o Legislativo, da retirada de prerrogativas de legislarmos sobre
interesse da nossa população. É bom que tenhamos presente que isso é herança do
regime militar e que ainda não conseguimos nem no processo da Assembléia
Nacional Constituinte retomar prerrogativas aos Legislativos brasileiros
exatamente no sentido de torná-los Legislativos possibilitados de legislar em
favor da população, e não legislar sempre sob o jugo do poder, da concentração
do poder no Executivo.
Por outro lado, nos oportuniza um Projeto como este e
um Veto a este Projeto de dizer que foi institucionalizada, é
institucionalizada neste País a safadeza, a corrupção, os interesses de grupos,
os interesses pessoais e isso se dá desde o nível do Governo Federal até um
governo municipal. É o tudo pelo social da República do Sarney e em nome da
propaganda do tudo pelo social paga-se a dívida externa retirando a possibilidade
de aplicar dinheiro dos juros da dívida não contraída pelo nosso povo para
resolver os graves problemas sociais que a nossa Nação enfrenta. Passa pelo
Governo do Estado, não há maior dúvida e chega ao Governo do Município, onde
nós temos os ônibus de Porto Alegre de propriedade do Sr. Castan, onde
recebemos como propaganda eleitoral, a propaganda da Carris Porto-Alegrense com
o nome, o carimbo de seu ex-Diretor e tantas outras questões já referidas nesta
tribuna pelos Vereadores que nos antecederam.
Institucionalizada está, neste País, em todos os
níveis, a corrupção, a safadeza. Faz parte, e não é de agora, faz parte,
inclusive, do processo de dominação das classes onde a propaganda é a alma do
negócio, a coisa pública é negócio. Nós pedimos, quando pertencíamos à Comissão
Especial, Comissão desta Casa que analisava o Projeto Praia do Guaíba,
solicitamos e até hoje não recebemos resposta do Executivo e o Projeto foi
aprovado, infelizmente, com o voto da maioria dos Vereadores desta Casa,
privatizando-se áreas públicas, entregando-se à especulação imobiliária,
entregando-se à especulação imobiliária áreas de domínio público, áreas que são
de toda a população. Nós solicitamos, através de um Pedido de Informações que
seria essencial ao processo de aprovação deste Projeto, informações e até hoje
não recebemos resposta do Executivo do quanto terá custado ao Município a
propaganda em relação ao Projeto Praia do Guaíba. Solicitamos, também, e não
foi recebida resposta, informações de por que, para uma matéria de tal
interesse, de tal monta para a cidade de Porto Alegre, havia sido contratada,
sem licitação pública, usando o mesmo Decreto que o Sarney usou para a ferrovia
Norte-Sul, alijando do processo os técnicos da Secretaria do Planejamento, uma
firma particular. Quanto custou e quanto custará ao Município de Porto Alegre?
Até hoje não tivemos uma resposta.
Então, Ver. Hermes Dutra, não há dúvida de que nós não
vamos conseguir derrubar o Veto. E é bom que se lembre o engodo que se comete
aqui com a população em determinados momentos. Na quarta-feira passada, quando
foi para votar matéria de interesse do transporte coletivo, não de interesse da
maioria da população, do usuário não, dos donos de empresa, nós tivemos o
“quorum” suficiente para votar a favor dos donos de empresas de transporte
coletivos. No momento em que nós tínhamos que derrubar um Veto de interesse dos
professores, portanto, do interesse do Município e que se não derrubado, como
ocorreu, inviabilizará inclusive a Secretaria Municipal de Cultura, nós não
tivemos mais o “quorum”, tivemos 19 Vereadores, no entanto, esse “quorum” não
bastou para derrubar o Veto essencial para a continuidade da própria
administração municipal. Temos 19 Vereadores e não bastará para derrubar o
Veto. Então é muito bom que hoje, quando vocês, funcionários do DMAE vêm aqui
garantir que corra Pauta o seu Projeto, estejam atentos à discussão de uma
matéria como esta. Não há dúvida de que o festival de propaganda do Governo
Alceu Collares é um dos responsáveis pela política de arrocho salarial que os
funcionários municipais sofrem nesta Cidade porque o dinheiro que poderia ser
aplicado no mínimo para amenizar um pouco as dificuldades do funcionalismo
público municipal está sendo aplicado em propaganda, a alma do negócio. Governar
Porto Alegre hoje, sim, é um negócio. Muito obrigada.
(Não revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE: A
Mesa acolhe a assinatura da Bancada do PFL que se manifestará através da sua
Liderança, Ver. Raul Casa.
O SR. RAUL CASA:
Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Manifesto-me apenas para dizer ao ilustre
Líder da Bancada do PDS que nós nos somamos a sua luta e estamos solidários.
Infelizmente, a Bancada do PDT está em passeata em favor de uma candidatura
falida. Não adianta colocar as plaquinhas, nem as plaquetas, nem do ilustre
Prefeito Alceu Collares, nem dos ilustres ex-Secretários que se encontram nesta
Casa, em cavaletes. Nós, da Bancada do PFL, votamos sempre de acordo com nossa
vocação. Quero dizer que o DMAE aqui presente nos deu a honra de em primeiro lugar
nos procurar; está transcrito no Boletim da própria entidade parte do nosso
pronunciamento, dizer a eles que estamos solidários e lamentamos que a Bancada
do PDT não esteja presente, para ajudar a derrubar um Veto do Prefeito que,
quiçá, amanhã se tornará um fator de crítica deles mesmos.
Apenas dizendo, às farpas da Bancada do PDT, dos meus
fraternais amigos Valdir Fraga, Adão Eliseu, Wilton Araújo, que a nossa Bancada
nunca negou que deu sustentação política em muitas ocasiões, em muitos projetos
à Bancada do PDT. Agora, que não levem a coisa na brincadeira, porque é mais
sério do que se imagina. Portanto, a Bancada do PDT, na presença dos ilustres
representantes aqui presentes, Elói Guimarães, Brochado da Rocha, Wilton
Araújo, Adão Eliseu, Valdir Fraga, que cumpra com o seu dever.
Aos presentes os nossos cumprimentos e a certeza de
que eles haverão de me acompanhar, pelo menos simbolicamente, na derrubada
deste Veto, e que votarão, evidentemente, a favor do DMAE, tão massacrado, tão
vilipendiado e tão esquecido na atual Administração. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Em votação o PLL nº 26/88. Solicito ao Sr. Secretário que proceda à chamada nominal dos Srs. Vereadores e colha os votos.
O SR. SECRETÁRIO:
(Procede à chamada nominal dos Srs. Vereadores.) Sr. Presidente, 13 votos SIM e 05 votos NÃO.
O SR. PRESIDENTE:
REJEITADO o PLL nº 26/88; portanto,
mantido o Veto.
(Votaram SIM os Vereadores: Aranha Filho, Caio
Lustosa, Hermes Dutra, Ignácio Neis, Jorge Goularte, Jussara Cony, Lauro
Hagemann, Mano José, Nilton Comin, Rafael Santos, Raul Casa, Flávio Coulon,
Marcinho Medeiros. Votaram NÃO os Vereadores: Brochado da Rocha, Elói
Guimarães, Valdir Fraga, Wilton Araújo, Adão Eliseu.)
A seguir, passaremos à
1ª SESSÃO
PROC. 1916/88 – PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO Nº 14/88, do Ver. Nereu D’Ávila, que dá nova redação ao art. nº 174, da Lei Complementar nº 133, de 31 de dezembro de 1985.
PROC. 1917/88 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 147/88, do Ver. Artur Zanella, que institui a Semana Ibero-Italiana em Porto Alegre.
PROC. 1944/88 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO
Nº 150/88, do Ver. Raul Casa, que denomina Praça Prof. Darcy Inda
Pereira um logradouro público.
2ª SESSÃO
PROC. 1563/88 – SUBSTITUTIVO, do
Ver. Ennio Terra, ao PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 118/88,
do Ver. Lauro Hagemann, que denomina Terminal Turístico Presidente Salvador
Allende o terminal de transbordo turístico.
PROC. 1687/88 – SUBSTITUTIVO, do
Ver. Antonio Hohlfeldt, ao PROJETO DE
LEI DO EXECUTIVO Nº 79/88, que cria cargos no Serviço Público Centralizado
do Município e dá outras providências.
PROC. 1871/88 – PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO
Nº 84/88, que autoriza o Executivo a permutar imóvel de propriedade
do Município de Porto Alegre, com outro de propriedade de Flávia Ferreira
Jardim e outros.
PROC. 1619/88 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO
Nº 119/88, da Verª Gladis Mantelli, que declara de utilidade pública
a Associação Professor Edmilson Morais Pereira.
PROC. 1844/88 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO
Nº 142/88, do Ver. Hermes Dutra, que denomina Rua Francisco D.
Bifano um logradouro público.
PROC. 1892/88 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO
Nº 144/88, do Ver. Jaques Machado, que denomina Rua Antônio
Maranguello um logradouro público.
PROC. 0831/88 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO
Nº 047/88, do Ver. Lauro Hagemann, que declara de utilidade pública
a Associação Cultural Quixote de Porto Alegre.
PROC. 1812/88 – PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR
DO LEGISLATIVO Nº 13/88, do Ver. Hermes Dutra, que transforma o
parágrafo único em § 1º e acrescenta parágrafos 2º e 3º ao artigo 174 da Lei
Complementar nº 133, de 31 de dezembro de 1985, com a redação dada pela Lei
Complementar nº 147, de 16 de dezembro de 1986, e dá outras providências.
PROC. 1913/88 – PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO
Nº 086/88, que cria e extingue cargos de provimento efetivo na
Administração Centralizada e no Departamento Municipal de Água e Esgotos e dá
outras providências.
PROC. 1888/88 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO
Nº 143/88, do Ver. Aranha Filho, que denomina Rua Battistino Anele
um logradouro público.
PROC. 1893/88 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO
Nº 145/88, do Ver. Jaques Machado, que denomina Rua Graciano
Camozzato um logradouro público.
PROC. 1906/88 – PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº
46/88, do Ver. Lauro Hagemann, que concede o título honorífico de
Cidadão Emérito ao Sr. José Luiz Perez.
O SR. PRESIDENTE:
Com a palavra, o Ver. Hermes Dutra. Desiste. Ver. Flávio Coulon a seguir.
Desiste. Ver. Wilton Araújo. Desiste. Ver. Mano José. Desiste. Ver. Jorge
Goularte. Desiste. Encerrada a Pauta.
A seguir, passaremos ao período de
O Ver. Hermes Dutra está com a palavra.
O SR. HERMES DUTRA:
Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Diz o Regimento Interno que o orador deve
manter-se em relação ao assunto em pauta, daí por que quando encaminhei o
problema do Veto, não falei na questão dos funcionários do DMAE, porque acho
que o Regimento Interno existe para ser cumprido. Aproveito o período de
Explicação Pessoal para fazer alguns comentários, até mesmo em respeito aos
funcionários que hoje estão aqui. Em primeiro lugar, tenho certeza de que a
Casa toda vai votar favoravelmente ao Projeto.
Em segundo lugar, nós temos consciência, também, de
que vivemos numa época atípica para o Poder Legislativo, que é o período
eleitoral, onde há dificuldades efetivas de quórum para as reuniões e, até
mesmo de eventuais reuniões para votação, mas que a Casa, tendo consciência
disso, não vai, obviamente, fazer coisas que atrasem a aprovação do Projeto.
Em terceiro lugar, é importante que os senhores tenham
consciência de que nós, Vereadores, temos a obrigação de analisar detidamente
os projetos. Pode até haver alguém que não os analise detidamente. Mas é
obrigação analisá-lo detidamente, submetê-lo a uma discussão, para que dessa
discussão possam ser sanadas as dúvidas surgidas, porque nada que se faz é
perfeito.
Em quarto lugar, quero lembrar o caso acontecido com o
Plano de Carreira dos Professores. Nós, num período de aproximadamente quarenta
dias, conseguimos aprová-lo e era um assunto altamente complexo, descartando,
inclusive, a urgência para que melhor pudesse ser analisado. Tínhamos tanta
razão nesse posicionamento que foram apresentadas quase trinta emendas das
quais o Prefeito vetou quatro ou cinco apenas; mais de vinte o Prefeito aceitou
e as aceitou porque eram Emendas corretivas, por erros que o Projeto continha.
Se não tivessem sido feitas, nesta Casa, o Projeto não atingiria a finalidade a
que o próprio Prefeito se propunha. Essas Emendas só foram possíveis porque o
Projeto foi submetido à discussão.
Em último lugar, disse, ontem, à Comissão
Representativa que foi me procurar, que tem a Casa a obrigação de garantir que
não tenham os Senhores prejuízo, isto é, se o Prefeito manda um Projeto no mês
de setembro, está manifestando uma vontade de pagar no mês de setembro. Então,
esse Projeto deve ser retroativo. Dizia-me a Comissão que isso já está no
Projeto, porque eu ainda não recebi o Projeto, não sei nem que formato tem, nem
quantas páginas possui. Então, há a garantia de que receberão a partir de
setembro. De nossa parte, podemos dar a garantia de que num prazo mais breve
possível, a Casa haverá de votá-lo. Agora, peço-lhes que entendam, tenham a
paciência de saber que os Vereadores têm a obrigação de analisá-lo, estudá-lo
e, inclusive, submetê-lo a duas discussões públicas, no mínimo, uma com a
direção do órgão, para que venha aqui esclarecer uma série de dúvidas, algumas
das quais já levantadas da tribuna e outra com a entidade representativa dos
funcionários, de vez que é impossível trazer para cá todos os funcionários do
DMAE, trazer as entidades representativas para submeter a uma discussão sobre a
questão. Feito isto, sanadas as dúvidas que cada um de nós tenha, emendado o
Projeto, para mais ou para menos, como disse, não conheço o Projeto ainda, não
tenham a menor dúvida de que a Casa vai aprová-lo, de forma que acho que posso
tranqüilizá-los, ainda no mês de outubro, se Deus quiser, o Projeto estará
aprovado.
Agora, peço-lhe apenas, repito pela terceira vez, que
tenham a paciência de entender que nós precisamos analisar o Projeto. Isto é
uma obrigação de quem foi eleito para cá.
Não tenham dúvidas de que a Casa vê com muita
satisfação o envio deste Projeto. Aliás, há questão de noventa dias, também,
esteve aqui uma comissão representativa, mostrando, trazendo dados sobre a
aflitiva situação que vivem os funcionários do DMAE, que não é diferente das
dos demais funcionários da Prefeitura. E que, quando se resolve um caso, para
nós que temos a obrigação de ver o todo, e de não analisar individualmente cada
caso, na verdade está-se abrindo a porta para que se consiga resolver o
problema dos outros. O Plano de Carreira do DMAE é conseqüência do Plano de
Carreira dos Professores, e outras melhorias para os funcionários e serão
conseqüência deste Plano de Carreira, que vocês almejam e vão ter, se Deus
quiser. Contem com o nosso apoio. Agora, por favor, repito pela quarta vez,
entendam que nós precisamos analisá-lo. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Liderança com o PL. Com a palavra, o Ver. Jorge Goularte.
O SR. JORGE GOULARTE:
Presidente, Srs. Vereadores, estou lendo nos jornais dos últimos dias, que
voltam a insistir com a obrigatoriedade do cinto de segurança nos carros. Eu já
tive uma luta muito intensa contra essa obrigatoriedade. Eu entendo que deve
ser opcional, que o cidadão deve ter o direito, dentro de seu carro, de usar
esse acessório ou não. E deve ter, por de trás dessa notícia, empresas interessadas
em obrigar o cidadão a colocar esse equipamento, que vai encarecer
sensivelmente os automóveis. E eu pergunto: é importante o cinto de segurança
para o motorista? É possível. Agora, a obrigatoriedade é que eu não concordo. A
obrigatoriedade é investir contra o direito do cidadão. Porque, se há perigos à
população, o que vai fazer o governo na casa do cidadão, para que ele não seja
assaltado, morto? Vão colocar, também, um segurança na casa do cidadão. O
automóvel é um bem particular próprio da pessoa. Pode se fazer uma campanha
esclarecendo sua validade, porque eu tenho as minhas dúvidas. Eu tenho visto
gente morrer com cinto e sem cinto. E os amarrados morrem pior, porque morrem
queimados e amarrados. É muito relativo isso. O cidadão deve ter a liberdade de
colocar, ou não, no seu automóvel esse equipamento.
O problema está na obrigatoriedade. Eu penso que deve
ser um direito e não um dever. Tem empresas interessadas em vender esses
equipamentos, de maneira obrigatória e encarecer, cada vez mais, os veículos
particulares desse País. Eu já fiz outras lutas nesse sentido.
Vai ser uma imposição, essa obrigatoriedade,
continuamos a viver sobre o Decreto Lei. Eu quero, então, que essa decisão
passe pelo Congresso Nacional, pelos nossos representantes. E, que a população
discuta a validade. Uma campanha para que usem, tudo bem, mas a obrigatoriedade
não. É dentro do meu carro e até cabe um mandado de segurança neste sentido. A
interferência é dentro do meu veículo e eu devo analisar se é válido usar ou
não. Ou será que quero me acidentar e a minha família? É claro que não. Mas a
obrigatoriedade? Tem coisa por trás disto. Empresas interessadas em faturar de
maneira grandiosa, incomensurável! E faço uma pergunta: e os veículos que já
têm esse equipamento? Estão falando que vai ser um tipo de equipamento único e
que até os veículos usados vão ter que se submeter em modificar o equipamento e
de uma fábrica única. Então, é com isto que não posso concordar. Repito e
insisto: fazer uma campanha, esclarecendo, através de técnicos, porque são
discutíveis estes assuntos, tudo bem, mas para que usem o cinto de segurança de
maneira opcional. Agora, de maneira obrigatória, não. Não, porque isto é uma
imposição que não esclarece nada. As estatísticas não provam nada. Eu conheço
amigos que morreram queimados, amarrados, porque não puderam tirar os cintos de
segurança. Conheço, entretanto, também, pessoas que morreram porque não usavam
cinto. Depende! Morre com cinto e sem cinto. Agora, o que sustento é que deve
ser algo opcional e não impositivo, obrigatório, porque atrás disto deve ter
empresas interessadas em onerar ainda mais os veículos nacionais.
Por isso, já saio contrário a essa nova tentativa de
impor ao povo brasileiro de maneira discricionária um acessório sobre o qual
não se tem prova cabal de que seja importante para a segurança da população.
Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Flávio Coulon.
O SR. FLÁVIO COULON: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, faço minhas as palavras do Ver. Hermes Dutra em relação ao Projeto do DMAE. Estamos vivendo uma época de eleições e os candidatos do Partido do Sr. Leonel Brizola estão se empenhando em lançar no espírito do povo porto-alegrense uma suspeita que eles qualificam de muito grave: há candidatos a Prefeito que tem a intenção – segundo eles, não confessada – de terminar com o projeto experimental de educação do PDT, denominado CIEMs.
Aquela escola bem grande, bem aparelhada, de que não se conhece, nem se identificam defeitos e nas quais as crianças encontram tudo de que necessitam: educação, alimentação, higiene, esporte, lazer e conforto. Enfim, uma escola ideal para os filhos de famílias economicamente carentes. Uma solução que os partidários do Sr. Leonel Brizola engendraram para dar às crianças pobres ensino e segurança.
Têm sobradas razões os partidários do Sr. Leonel Brizola em se colocarem na defensiva quanto a possíveis adversários dessa “revolução educacional”, gerada pela superior inteligência de seu chefe, primeiro e único. Isto porque nenhum mestre escola, sem qualquer pretensão de sábio, pós-graduado ou outros títulos, desconhece o sentido político do vocabulário “educação” que se pode encontrar em qualquer dicionário e que se define como a “ação exercida pelas gerações adultas sobre as gerações jovens para adaptá-las à vida social, estimulando, orientando e desenvolvendo as aptidões do indivíduo, de acordo com os ideais de uma sociedade determinada” – Pequeno Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa.
Para o Sr. Leonel Brizola, e seus discípulos, a Nação é uma criança órfã, economicamente carente, que precisa não de um Governo, não de um Estadista, mas de um pai, um pai para a Pátria – de preferência ele próprio. É por isto que teme o desmantelamento dos CIEMs. Na sua falta de visão e consciência crítica, não podem nem pensar em que as crianças brasileiras e as famílias brasileiras não possam administrar suas próprias necessidades. Brizola tem demonstrado ser a personificação do populismo, desse populismo incapaz de engendrar os meios de forjar uma geração de homens livres, aptos a administrar o seu amanhã e, incapaz de se aperceber que isso somente se alcança com um processo de educação que preserve a individualidade da criança, não a retire do meio e da vigilância de seus familiares, da convivência com suas coisas e seus amigos.
Este projeto educacional do Sr. Leonel Brizola e encampado pelo Sr. Alceu Collares, não há dúvida, é prejudicial à criança e pernicioso aos objetivos de nossa sociedade que hoje luta, desesperadamente, para se desmocratizar (sic).
É certo que há milhares de brasileiros marginalizados, sem condições de acesso ao conhecimento por esforço próprio. Nem por isto podemos admitir que estes brasileiros sejam seres estranhos à natureza humana, a ponto de não terem apreço por saber, nem ambição por ter; nem por isto podemos admitir que estes brasileiros não tenham vocação natural para se desenvolver ou talento para criar e modificar seus destinos.
O Partido do Movimento Democrático Brasileiro tem uma incompatibilidade histórica quase invencível com o Sr. Leonel Brizola. Na luta contra a ditadura, enquanto o Sr. Leonel Brizola se empenhava em tão só derrubá-la, o PMDB perseguia a redemocratização do Brasil, em que a derrubada da ditadura era só o começo da grande, árdua e desgastante tarefa.
É por isto que nós do PMDB pensamos a educação como um sistema que deverá estimular as gerações jovens para a construção de uma sociedade democrática, em que cada cidadão seja o sujeito ativo do Estado. Neste sentido, estamos convencidos de que é responsabilidade nossa, do PMDB, enquanto Governo, levar a escola até o meio da criança, auxiliando as famílias a administrar suas necessidades, garantindo a preservação de seus valores e a sua individualidade.
O que pensamos é um projeto de educação que coloque, em cada vila, em cada bairro, em cada esquina, uma escola; coloque no meio da miséria e do caos uma célula da civilização, numa convivência que semeia cultura, dignidade, saber, organização; que leve, enfim, às famílias pobres aqueles valores do homem culto.
Um projeto educacional que prepare a criança em seu meio; que a estimule a sair para o mundo com suas próprias pernas e convicções; que a convença de que a conscientização de seus valores é a via de mão única para a Democracia, para a construção de uma sociedade de homens livres da tutela do Estado e dos pais da Pátria.
Lá na vila, lá no bairro distante, na ruela cheia de buracos e casebres, a chegada e a presença do mestre é sempre um farol que aponta os caminhos da realização pessoal.
Esta realização é a única arma com a qual os desafortunados podem enfrentar a bandidagem, a delinqüência e o medo. Onde se levanta uma escola, se cria a exigência de segurança.
Ou será que querem prender as crianças nos CIEMs para soltar os bandidos nas vilas?
Quem sabe... Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: V. Exa. passa a falar em tempo de Liderança.
O SR. FLÁVIO COULON: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, na noite de quarta-feira, numa reunião do PDT, fartamente publicada na imprensa, uma reunião que, segundo a imprensa também, era feita mais no sentido de tentar uma derrubada do atual candidato do PDT à Prefeitura, e troca deste candidato por outro candidato que atende mais aos interesses da Bancada do PDT nesta Casa, mais especificamente, nessa noite, foi publicado na imprensa que o Deputado Carlos Araújo teria dito que só renuncia à sua candidatura se for morto por um jagunço do PMDB. Preciso deixar algumas coisas claras, a respeito dessa cerimônia: em primeiro lugar, o PMDB não é partido que tenha, em seus quadros, jagunços. Segundo, ontem, ouvia um programa de televisão, muito assistido na Cidade, um brilhante cronista que deixava bem claro que o jagunço referido, ou os jagunços referidos, não têm nada a ver com o PMDB. São jagunços internos do PDT. Até foi mostrado um chapéu de um destes jagunços e, brevemente, também será dito a quem pertence. Eu, pela televisão, rapidamente, já pude verificar em quem cabe aquele chapéu. Então, quem vai torpedear a candidatura Carlos Araújo? Só quem tem interesse em torpedear esta candidatura são os próprios partidários do PDT, porque nós, do PMDB, até hoje, não nos apercebemos dessa candidatura, e aí vai o terceiro erro do Sr. Carlos Araújo, não existe, no Código Penal Brasileiro, o crime de matar um morto, ninguém consegue matar um morto, razão pela qual, ninguém do PMDB, iria tentar matar essa candidatura. É preciso que fique claro isso, porque o PMDB, porque vai ganhar as eleições, porque o candidato Antônio Britto, já está demonstrado, é o virtual vencedor dessas eleições, todos os demais partidos colocam o PMDB como alvo das suas críticas e ataques. O problema colocado na imprensa dizendo que o PMDB é o principal responsável pela desestruturação da candidatura Carlos Araújo, o problema de chamar o PMDB de um partido que possui jagunços, é uma refinada barbaridade que não pode transitar em julgado. Nós, do PMDB, estamos altamente interessados na manutenção da candidatura Carlos Araújo, porque, ela, uma vez escolhida pelas bases, faz parte do processo democrático, e nós precisamos que ela seja consolidada, e esse tipo de golpe que vai ocorrer - e que segundo o jornal “O Globo”, ocorrerá até o dia 10 de outubro, não interessa para nós, democratas, porque desmoraliza o processo democrático. Um candidato escolhido por uma convenção, conchavos palacianos acabam derrubando, isso não é bom para a democracia; ninguém mais recupera o PDT nas pesquisas, podem trocar os candidatos, que não há mais a mínima chance desse Partido fazer o sucessor do Sr. Alceu Collares.
Então, pelo menos, preservem a democracia, uma decisão do Partido; agora, não lancem, por problemas internos, a culpa em cima do PMDB, dando a entender que o jagunços do PMDB estariam interessados em fuzilar a candidatura do Sr. Carlos Araújo. Queremos deixar bem claro: o PMDB repudia esta afirmação e aconselha o Deputado Carlos Araújo a procurar nas suas hostes os “Brutus” que o irão apunhalar muito em breve. Sou grato.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Marcinho Medeiros.
O SR. MARCINHO MEDEIROS: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, a minha inscrição para falar é para lançar nesta Casa um protesto contra a atual legislação eleitoral. Nós, como candidatos modestos, pois não temos grandes recursos a não ser os nossos salários para poder fazer a campanha eleitoral, estamos impedidos de colocar um cartaz num poste na Cidade, um poste que está numa via pública, atrapalhando até, às vezes, a via pública, porque a nossa distribuição de luz é via aérea. Mas a plaquinha que é uma propaganda bem mais cara, esta é permitida. Eu não entendi como se faz uma lei colocando opção para o candidato que pode até colocar em risco os transeuntes, no momento que pode até haver uma ventania meio forte, a plaquinha cai na cabeça do transeunte, derruba a pessoa, o candidato vai ser culpado. Também não entendo por que impedir tanto a propaganda eleitoral quando se sabe que a maior propaganda que existe na Cidade é a propaganda comercial, poluir a cidade com propaganda comercial pode. Com propaganda eleitoral não pode. O candidato tem que ser escondido. Não pode colocar o seu nome na rua porque se colocar o seu nome na rua ele está sendo chamado a atenção. Os muros particulares, eu sei de muita gente que aluga, mas é uma propaganda muito cara para se manter ela estática num lugar só. Agora, tenho a certeza que na outra eleição, quando se forem eleger os Deputados que fizeram esta Lei retrógrada, e talvez mais retrógrada do que a lei Falcão, aí sim, aí vai poder botar o cartazinho no poste que é um elemento auxiliar para a propaganda. A propaganda em placas também é boa, mas coloca em risco as pessoas que estão passando. Com o tempo o arame pode se romper e a placa cair na cabeça de alguém. E enquanto não houver um acidente a Lei não muda; depois, sim.
Não dá para entender essa Lei Eleitoral. Tenho certeza de que meus colegas que estão concorrendo, independentemente de partido, estão enfrentando a mesma dificuldade. Nosso companheiro Sadi está sendo processado porque colocou cartazes, que são muito mais democráticos e seguros do que as placas nos postes da Cidade. O Sadi é processado, mas quando se faz coisas que colocam em risco o próprio trânsito, aí pode livremente. Não entendo uma democracia com a Cidade limpa. Só entendo uma democracia com a Cidade suja, com nomes de pessoas que estão disputando o poder, e acho isto salutar para a população para que ela possa ver os nomes, conversar entre si e receber as melhores ou as piores informações dos candidatos.
Agora, como está sendo aplicada rigidamente pelo TRE não dá para entender, como também não dá para entender só para candidatos em Porto Alegre com a certidão da Justiça Militar. Os do interior não precisam; dois pesos e duas medidas. Na próxima eleição vão fazer uma outra lei e os que a farão serão os que estarão disputando e, provavelmente, a lei era melhor do que a atual porque a atual é muito contra os candidatos.
Por isto quero usar a tribuna para deixar bem claro a esta Casa o meu protesto contra a atual legislação eleitoral por ser anti-democrática e por criar muito mais dificuldades aos candidatos para que cheguem até seus eleitores. A não ser que o candidato tenha, como alguns têm, principalmente os do PDT, um visual muito grande pelas placas oficiais ou então por carros com aparelhos de som; o Partido Socialista também tem um carro belíssimo. Não sei de onde sai tanto dinheiro, porque a dificuldade que estou enfrentando é grande. Por isso a propaganda mais barata foi proibida e aí está o meu protesto, e depois querem evitar o abuso do poder econômico, o tipo de propaganda que é feito atualmente, sim, é que entra o poder econômico. Agora, a propaganda que era barata, essa foi cortada, o poste não pode ser usado, é intocável; agora colocar a placa é muito mais caro do que o cartaz.
Era esse o meu protesto. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Nada mais havendo a tratar, declaro encerrados os trabalhos.
(Levanta-se a Sessão às 11h36min.)
* * * * *